70 anos da Declaração Universal e a Defesa Intransigente dos Direitos Humanos
A Declaração Universal dos Direitos Humanos que completa 70 anos hoje vive um cenário de paradoxo e incertezas. A carta aprovada pela ONU e ratificada por centenas de países rege uma série de princípios como a dignidade humana, a não discriminação, a vida e a liberdade. Tais princípios se colidem com a realidade atual em que a riqueza se encontra cada vez mais concentrada em um cenário agudo de alienação e barbárie com o avanço do neofascismo, da violência bélica e da destruição da natureza.
Defender Direitos Humanos de acordo com o Projeto Ético-político do serviço social significa assumir um posicionamento ético-político na direção da humanização muito além dos aspectos abstratos e formais destas formulações: são inserí-los como instrumentos no conjunto das lutas da classe trabalhadora. Pressupõe posicionamento crítico do serviço social à estrutura desigual e conservadora da formação sócio-histórica brasileira cuja herança se traduz nas instituições e relações sociais políticas e de poder, no legado de nosso passado colonial, escravista, patrimonialista, coronelista, racista elitista e machista.
Ser intransigente na defesa dos Direitos Humanos é desvelar as expressões particulares do anti-humanismo presentes no cotidiano profissional que devem se pautar pela não naturalização e banalização da violência praticada pelo Estado, pela não reprodução da desigualdade pelo Sistema de Justiça, pela não concentração da riqueza. É ter absoluto repúdio às práticas arbitrárias expressas no extermínio e encarceramento da juventude negra, mais especificamente as moradoras de favelas e periferias, no feminicídio, na violência no campo que mata indígenas e trabalhadores rurais, na destruição da natureza, na LGBTfobia, no isolamento e exclusão da pessoa em sofrimento mental, e em todas as formas de opressão e exploração.
* Texto inspirado na Agenda Assistente Social 2018 “Sou assistente social e tenho minhas bandeiras de luta”. (CFESS, 2018)
#pracegover 70 anos da Declaração Universal dos Diretos Humanos. Desenho de multidão fazendo uma manifestação, com pessoas segurando cartazes escrito DIGNIDADE, LIBERDADE, IGUALDADE, PAZ, JUSTIÇA, DIVERSIDADE. A multidão forma uma sombra em formato de punho onde se lê 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.