Novembro é o mês da Consciência Negra! E a agenda de atividades do Conjunto CFESS-CRESS está repleta de ações relacionadas à temática, dando continuidade à Campanha de Gestão 2017-2020 Assistentes Sociais no Combate ao Racismo.
Nesta semana, os Conselhos Regionais já começaram a receber duas novas edições dos cartazes que abordam e denunciam expressões do racismo no Brasil.
“Minha fé não é motivo para sua violência” é a chamada para o cartaz que denuncia o racismo contra as religiões afro-brasileiras e de matrizes africanas. Segundo um balanço do Disque 100 do ano de 2017 sobre discriminação religiosa, cerca 40% dos registros de denúncias envolvem racismo contra religiões como Umbanda, Candomblé, entre outras.
Para a presidente do CFESS, Josiane Soares, “abordar esse tema é absolutamente necessário para dialogar com a garantia dos direitos de pessoas que estão sofrendo com o crescimento de episódios de violência associadas à sua crença. É sempre fundamental reforçar que o Estado brasileiro assegura liberdade religiosa a todos e todas”, explica.
O outro cartaz que está sendo lançado esse mês denuncia o racismo que atinge mulheres negras, afirmando que “A violência e a dor miram gênero e cor”. Os dados são alarmantes: as mulheres negras estão entre 58,86% das vítimas de violência doméstica; 53,6% das vítimas de mortalidade materna; 65,9% das vítimas de violência obstétrica; 68,8% das mulheres mortas por agressão; e 56,8% das vítimas de estupros. As informações foram retiradas do dossiê de 2015 chamado Feminicídio: Mulheres Negras e Violência no Brasil, da Agência Patrícia Galvão.
“Esses dados revelam que a violência contra as mulheres negras não são um problema privado, mas sim uma questão de saúde e segurança pública. Além disso, demonstram também que muitas vezes é o próprio Estado quem comete essa violência, principalmente com a população mais pobre do nosso país”, explica a diretora do CFESS Solange Moreira.
Para ela, construir ações de enfrentamento a violência e ao racismo estrutural e institucional, que está arraigado na sociedade brasileira, “precisa ser uma tarefa cotidiana de todos/as cidadãos/as, inclusive de nós assistentes sociais”. Assim, o cartaz lançado pode ser usado como forma de mobilização e diálogo da categoria com a população usuária, como instrumento de luta contra a violência e a opressão de gênero e cor.
Faça download do cartaz em alta resolução para impressão
Mulheres negras na luta!
Nos dias 9 e 10 de novembro, será realizado o 2º Encontro de Mulheres Negras do Rio de Janeiro (RJ), etapa preparatória para a edição nacional que ocorrerá em dezembro, em Goiânia (GO).
O CRESS-RJ e o CFESS são apoiadores do evento, tendo em vista que dialoga diretamente com a campanha de Gestão do Conjunto. “Desde que começamos a organizar essa campanha, vimos que a articulação com o movimento negro é fundamental, e inclusive respaldado pelo nosso Código de Ética profissional. Assim, o movimento de mulheres negras, que é histórico, se destaca pela necessidade da luta contra a opressão e combate ao racismo”, reforça a conselheira do CFESS Solange.
Uma das pautas do movimento é o genocídio da juventude negra, que tem atingido muitas mulheres e famílias. E no Rio de Janeiro, a intervenção militar tem aumentado exponencialmente as vítimas nas grandes favelas da cidade, tudo isso em nome do combate às drogas e da violência.
“Essa ação só tem levado a mais violência, mortes e encarceramento dos jovens do nosso país. Poder participar desse encontro, no Rio de Janeiro, é poder contribuir com a luta histórica das mulheres”, enfatiza.
CFESS e CRESS nas ruas: atividades 19 e 20 de novembro, no Rio e em todo o Brasil
Uma das estratégias da campanha “Assistentes Sociais no Combate ao Racismo” para mobilização da categoria e da população em torno do tema passa pela organização pelos CRESS de atividades em suas respectivas regiões. Estão sendo planejadas ações que envolvam o diálogo com a categoria e a população, como encontros, atos, atividades de rua etc.
O CFESS, em parceria com o CRESS-RJ, realizará na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro (RJ), no dia 19 de novembro um ato que envolverá distribuição de material sobre a campanha, no sentido de orientar a população e reafirmar a posição da categoria de assistentes sociais no combate ao racismo.
“Essa proposta é resultado de uma decisão coletiva da categoria. A campanha surge como forma de convidar todas as assistentes sociais em seu trabalho cotidiano em identificar o racismo e suas expressões. Mas é também um convite para pensarmos estratégias para combatermos as discriminações e preconceitos que temos conhecimento, a partir de nosso exercício profissional”, explica a presidente do CRESS-RJ Dácia Teles.
A escolha da Cinelândia se deu por ser um tradicional ponto político e cultural do Rio de Janeiro. “Vamos distribuir materiais impressos e dialogar com a população sobre nossas bandeiras. Além de contar com a participação de representantes do movimento negro e de pessoas que historicamente tem contribuído com a luta antirracista. ‘Nossos passos vêm de longe’ é um lema que nos convida a refletir nesse sentido, sobre a importância de muitas assistentes sociais que buscaram garantir essa pauta em nosso exercício profissional”, explicita Dácia.
No dia 19 de novembro, o site www.servicosocialcontraracismo.com.br será disponibilizado em sua versão final, aonde os CRESS e as assistentes sociais poderão contribuir trazendo exemplos de ações de combate ao racismo no cotidiano.
Será lançado também uma edição especial do CFESS Manifesta sobre o mês da Consciência Negra.
Já no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, o CFESS e o CRESS-RJ estarão, junto com diversos movimentos sociais, na tradicional lavagem do Monumento de Zumbi de Palmares. “É compromisso ético-político combater e denunciar as expressões do racismo no cotidiano. Essa mobilização do Conjunto CFESS-CRESS mostra que a categoria segue firme no combate às desigualdades sociais sob o capitalismo! Por isso, é fundamental que cada assistente social se envolva com a campanha, promova ações em seus espaços de trabalho, dialogue com a população”, finaliza Josiane Soares.