O CRESS-RJ recebeu informações das mobilizações de estudantes da UNOPAR (Universidade do Norte do Paraná), que destacam a “falta de estruturação do curso, falta de campo de estágio, contratação de supervisores acadêmicos, enxugamento e diminuição das aulas e da matriz curricular e aumento das mensalidades abusivamente”, dentre outras demandas e denúncias.
Saudamos a mobilização das estudantes, sintonizada a um momento em que diversos segmentos da população brasileira expressam, em mobilizações de rua, suas insatisfações com os impactos do atual estágio de organização capitalista da sociedade e o desejo de melhores condições de vida, saúde, educação e trabalho. Neste sentido, apresentamos nosso apoio à mobilização. Ela pode contribuir para demonstrar que a educação não deve ser pautada pela lógica da mercadoria, que está assimilada pela grande maioria das escolas e faculdades que oferecem vagas para cursos de Serviço Social na atualidade, seja na modalidade presencial ou à distância.
Como afirmam diversos documentos do Serviço Social brasileiro, defendemos o ensino público, gratuito, laico, universal, de qualidade e socialmente referenciado. Ele tem garantido a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, fundamental para o ensino de máxima qualidade. Estes princípios são incompatíveis com a proposta de cursos de graduação em Serviço Social na modalidade à distância.
Reafirmamos nossa defesa da autonomia de assistentes sociais decidirem se supervisionam ou não estágio, e de com quais instituições estabelecem convênios de estágio. É responsabilidade da unidade de ensino o planejamento acadêmico para abrir vagas em cursos de graduação, considerando, inclusive, o quantitativo de profissionais que se dispõe à supervisão de campo de estágio.
Por fim, reafirmamos a referência nas Diretrizes Curriculares e na Política Nacional de Estágio da ABEPSS, na Lei de Estágio e nas resoluções do Conjunto CFESS/CRESS.
A luta das estudantes da UNOPAR é legítima, necessária e tem o nosso apoio, especialmente por que aponta os limites e a incompatibilidade da graduação à distância em
Serviço Social. E mais: convidamos as colegas a se incorporarem às lutas pela superação da lógica capitalista que vem assolando a educação brasileira.Orientamos estudantes que se sentem prejudicadas por instituições de ensino a denunciar seu curso ao MEC, ao Ministério Público e a instâncias de controle social quanto à qualidade da educação.
Conselho Pleno do CRESS-RJ (Conselho Regional de Serviço Social / 7ª Região)
Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social – ENESSO – Regional V
24 de julho de 2013