Pessoas Surdas da profissão, pesquisadoras e estudantes estão convidadas a contribuírem para este importante projeto do Conjunto CFESS-CRESS na luta anticapacitista
“Nada sobre nós sem nós”. É com inspiração na marcante frase dos movimentos de pessoas com deficiência que o CFESS convida pessoas Surdas – assistentes sociais, estudantes, graduadas em serviço social e pesquisadoras – para contribuírem com esse importante projeto que tem a ver com a luta anticapacitista do Conjunto CFESS-CRESS, em destaque na agenda das entidades.
Está sendo produzido um glossário terminológico em Libras – Língua Brasileira de Sinais – com as principais expressões usadas no Serviço Social e no trabalho profissional, e pessoas Surdas envolvidas com a formação e/ou com o cotidiano profissional estão convidadas a contribuir com esse processo coletivo.
Como participar: pessoas interessadas têm até o próximo dia 17 de agosto de 2023 (quinta-feira) para se manifestar, enviando um e-mail para comunicacao@cfess.org.br com nome e número de celular (WhatsApp). Atenção: só vale para pessoas Surdas.
Maria Auxiliadora Araújo, pessoa Surda graduada em Serviço Social, especialista em educação para surdos(as), professora de Libras e assessora do CFESS no projeto, explica que “a Libras é uma língua com toda sua estrutura gramatical como outras línguas. O que torna ela diferente é que é uma língua espaço-visual, que é usada pelo Povo Surdo do Brasil. Por isso, é importante ter os sinais específicos com seus conceitos alinhados à compreensão da língua tanto de partida quanto de chegada, mas jamais duas línguas vão se igualar. Devido a isso contamos com apoio e participação da comunidade acadêmica pesquisadora na área de léxico, terminologia, tradução e interpretação em Libras que vão nos orientar nas escolhas de sinais de referências”.
Qual é o sinal mais apropriado para o termo “Projeto ético-político do Serviço Social”? Como intérpretes de Libras que trabalham nos eventos e reuniões do Conjunto podem traduzir e interpretar palavras e expressões específicas do Serviço Social?
O glossário, em produção, deve contribuir para responder estas questões cotidianas não só no Conjunto, mas no próprio trabalho profissional de assistentes sociais.
Pelo menos é o que espera a assistente social Surda e vice-presidenta do CRESS-PE, Mariana Hora, integrante do GT Anticapacitista do Conjunto CFESS-CRESS, idealizadora e defensora do glossário.
“Estou muito feliz com esse projeto porque não estarei mais sozinha inventando sinais novos, nem outras pessoas Surdas do Serviço Social estarão sozinhas, vamos coletar os sinais existentes e criar novos. Validar coletivamente e depois divulgar. Será um material muito rico, que vai auxiliar a nós, Surdes assistentes sociais, a profissionais tradutores-intérpretes e também a futuros estudantes Surdes de Serviço Social”, avalia. Ela considera a iniciativa “um grande avanço, fruto de muitas lutas da comunidade Surda”. “Muitas vozes surdas já ecoaram e muitas continuam ecoando por nossas mãos e corpos, seguimos na travessia da resistência para que nossa língua seja livre, viva e respeitada”, complementa.
Mariana Hora destaca também que existe outro projeto paralelo e semelhante sendo desenvolvido na Universidade Estadual do Ceará (UECE), sob coordenação do professor Estênio Azevedo. No entanto, Mariana explica que “enquanto o projeto do CFESS foca em terminologias mais utilizadas no âmbito das entidades e do exercício profissional da categoria, o projeto da UECE foca em termos teóricos, mais usados na formação acadêmica”.
Planejamento
A coordenadora da comissão de Comunicação do CFESS, Emilly Marques, explica as próximas etapas do projeto. “Nos meses de agosto e setembro o grupo responsável coletará os sinais, após reuniões/entrevistas em Libras sem interpretação e, em seguida, ocorrerão as gravações em vídeo. A expectativa é que em novembro o material esteja disponível”, avisa.
Pesquisa disponível
O CFESS lançou em abril deste ano o livro “Anticapacitismo e Exercício Profissional”, no qual apresenta o resultado da pesquisa sobre o perfil de assistentes sociais com deficiência, realizada em 2022.
O material está disponível em PDF acessível com os dados sobre quem são e quais as condições de trabalho de assistentes sociais com deficiência, bem como as barreiras enfrentadas por elas.
Reveja a live de lançamento da pesquisa