Maio 2024: a nossa liberdade é anticapacitista

Seminário promovido pelo CRESS/RJ na UERJ celebrou o Dia da Assistente Social

 

No dia 16 de maio de 2024 o CRESS Rio de Janeiro promoveu o seminário “Serviço Social e Anticapacitismo: um debate necessário”, em comemoração ao Dia da/do Assistente Social. O seminário ocorreu no Dia Mundial da Conscientização sobre a Acessibilidade, que ocorre na terceira quinta feira do mês de maio.

O tema foi escolhido em consonância com o mote do Conjunto CFESS-CRESS para o maio das assistentes sociais do ano de 2024: “Nossa liberdade é anticapacitista!”.

O palco da comemoração foi o Auditório 93 da UERJ, universidade que vem acolhendo ao longo dos anos, por diversas oportunidades, essa data tão especial para o Serviço Social brasileiro.

Logo após a apresentação da mestra de cerimônia e conselheira do CRESS/RJ Alessandra Celita Couto Fogaça, o microfone foi aberto para o bacharel em Serviço Social Luciano de Jesus, homem cego e com baixa audição.

 

Luciano compõe a Comissão de Assistência Social e o Comitê Anticapacitista do CRESS e seria o mestre de cerimônias do Seminário. Contudo, por motivos pessoais, não pôde exercer a função. Em sua fala, destacou a importância do evento para ele e ressaltou a relevância de pensarmos sobre o capacitismo de forma interseccional, destacando o fato de que as mulheres pretas com deficiência são as mais vulneráveis às desigualdades.

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Ana Paula Procópio (FSS/UERJ), Jussara Ferreira (CFESS), Drica Ferreira (ENESSO), Cibele Henrique (ABEPSS) e Márcia Nogueira (presidenta do CRESS RJ) compuseram a mesa de abertura do evento, onde se destacou a importância da profissão e a urgência de partir, cada vez mais, rumo ao anticapacitismo.

Na sequência, o palco foi ocupado por José Jackson Down – dançarino com Síndrome de Down que realiza performances baseadas no ícone da cultura pop Michael Jackson. José Carlos Póvoa é dançarino profissional e divide a intensa rotina de ensaios com sua participação no Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência do Rio de Janeiro (COMDEF-Rio).

 

Anticapacitismo e Serviço Social: um debate necessário

Após a performance, foi iniciado o debate ‘Anticapacitismo e Serviço Social: um debate necessário’ com as assistentes sociais Camila Jasmin e Lucia Torres Paiva. A conselheira do CRESS RJ Anália dos Santos realizou a mediação da mesa.

Camila Jasmin é uma mulher autista, atua como assistente social na rede federal de ensino e é conselheira na atual gestão do CRESS RJ. Em sua fala, ressaltou que o capacitismo é uma opressão que se baseia na compreensão de que as pessoas com deficiência são inferiores, citando que durante o nazismo o extermínio de pessoas com deficiência foi defendido abertamente sob o argumento de que elas eram mais onerosas para o Estado.

Jasmin  falou sobre as diferentes formas de compreensão sobre a deficiência, destacando o Modelo Social da Deficiência. A partir deste modelo, entendemos a deficiência como fruto da relação entre a pessoa e as barreiras existentes na sociedade e compreendemos que os processos de exclusão aos quais as pessoas com deficiência estão submetidas são problemas sociais, e não individuais.

Lucia Torres Paiva é uma mulher autista, assistente social com atuação no Sistema Único de Saúde e compõe o Comitê Anticapacitista do CFESS. Em sua fala, destacou que “precisamos pensar a deficiência como mais uma expressão da questão social, principalmente porque as demarcações sociais e os espaços ocupados por pessoas com e sem deficiência já são social e culturalmente delimitados”.

Torres também sinalizou sobre a importância do suporte para que as pessoas com deficiência possam ocupar diferentes espaços na sociedade, ressaltando que o apoio de seu esposo contribuiu para que ela, enquanto mulher autista, pudesse estar presente na mesa de debates do evento.

 

Ambas ressaltaram a importância de que a categoria continue atenta à pauta anticapacitista, para além do mês de maio. “Seguiremos na luta por uma sociedade igualitária, onde a liberdade, pautada no primeiro princípio fundamental do nosso Código de Ética, seja realmente emancipatória”, completou Lúcia.